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Tininha, amor, fala comigo. Olha eu aqui sem saber mais o que fazer. Já fui à tua mãe, já liguei à tua irmã, já falei com a tua patroa, parecem um bando de araras, não se calam e não dizem nada. Tininha, amor, tem piedade de mim, tu sabes que aquilo não significou nada, eu amo-te é a ti, Tininha, tu sabes disso, tu sabes. Aquilo foi um engano, um momento sem razão, um descuido infantil. Tininha. Amor. Foi contigo que perdi o medo de voar, lembras-te? Ainda andavas com o João, quando aquele projecto das melancias nos juntou no avião. Ah, Tininha, nesse dia, de mãos dadas contigo, tremendo como um gaiato, percebi que há sentimentos mais fortes do que o medo e mulheres que são anjos. Tininha, tu és o meu anjo. As tuas omoplatas são tão bonitas, sempre to digo, sempre que te despes para mim. Ah, Tininha, queria beijar-tas agora, amor.