Se queres mesmo saber, e já que chove, senta-te e ouve-me só um bocadinho. Queria ter começado esta merda por um, se te apraz saber, mas que merda de frase, não achas? como se precisássemos de ironias finas para falar do que nos vai na alma. São as frases feitas, os lugares comuns, os textos redondos, os aplausos sempre iguais, é isso que me cansa especialmente. Tenho vontade de me levantar daqui e deixá-los a falar sozinhos. Uma feira de vaidades, daquelas feiras de chão de rua, xungosas que só Deus sabe, os gajos a cuspir, as gajas a assoarem-se ao mesmo lenço, vezes sem conta, os garotos, em bandos, a deitar tudo a baixo. Das vaidades nem sei se vale a pena gastar papel. Sopeiras, algumas já com camadas brilhantes. Vejo-te por lá e morre-se-me o tesão, mas tu é que sabes, petite pute. Nem era delas que te ia falar, sabes? era de nós, de nós ou do caralho do livro que me deste.