Gisele Burca, jura? Não quero crer nos tabloides franceses, mon amour, mas aquele sandalinha parece uma pista quente.
Gisele Burca, jura? Cirurgia plástica preciso eu, precisa minha vida, a economia do País e os malucos da internet. Você pode envelhecer belamente sem nenhum retoque, nenhuma empinadinha, nenhum freio no ritmo acelerado do tempo – você já é uma vitória contra ele, o tempo, esse velhaco jogador de pôquer.
Mas vá lá. Eu sei, Gisele. O corpo é seu, a vida é sua, e você tem o mesmo direito de qualquer Panicat, de qualquer miss bumbum, participante de reality show ou dona de casa. Ninguém tem nada a ver com os seus paranauês. “Faça o que tu queres pois é tudo da lei”, belê?
Mas Gisele, pensa, de burca? Neste mundo tão medonho, tão cheio de fundamentalistas, de gente cheia de razão e acesso à internet, você vai dar essa brecha? Vai dar combustível para os ofendidos de plantão, Gi?
Sim, esse mundo medonho (como eu já disse) é habitado por pessoas que se ofendem ao menor sinal de oposição. Não se pode mais pregar um cristo na cruz, não se pode mais brincar o carnaval evocando Alá e, definitivamente, não se pode mais comer um bife sem começar uma guerra.
Gisele, sério, de burca você teve ter atiçado toda essa gente cheia de razão: os radicais religiosos, as feministas, os machistas, os corintianos, os tucanos, petistas, veganos, confederados, blogueiros, comentaristas de internet, maçons, eurocentristas, umbandistas, góticos, israelenses, palestinos, índios, trans, Caetano, Gil, Pelé, Maomé, Buda, Jesus Cristo e o baile todo.
Uma modelo entrando de burca em uma clínica de cirurgia plástica não tem como dar certo, moça.
O que eu acho, no seu caso, Gisele Burca, é que faltou uma amiga. Alguém que te olhasse nos olhos e dissesse: “Porra, Gi, de burca? Vai dar merda! Esse bando de mala, de representantes de não sei lá o quê, vão encher o teu saco. Você não precisa dessa cambada no seu pé. Quer fazer a porra da cirurgia, quer? Então vai lá, de cara limpa, linda, e ainda manda um dedo do meio para os fotógrafos de plantão”.
Só que não. Quanta gente muda ao lado da Gisele Burca.
Vai ver não era ela. Tomara.
Aqui mesmo, no Brasil, esses dias aí, um menino morreu porque inventou de injetar hidrogel no pinto. O cara decidiu que tomar uma injeção no pau era uma boa ideia, que seria bom para o tamanho, a firmeza, grossura ou elasticidade.
Não, não quero fazer piada com essa tragédia. Só quero dizer que assim como no caso da Gisele Burca, o menino do hidrogel no pinto também não teve um amigo, um puto desocupado para dizer: “Porra, mano, isso vai dar merda. Injeção no pau é treta. Experimenta a bombinha, compra um enlarge your pênis e seja feliz”.
Modelo de burca entrando em clínica de cirurgia e hidrogel não pau estão entre as piores ideias do século.
Arrumem um amigo. Ouçam seus amigos. Sejam felizes e olhem para os dois lados ao atravessar a rua.