Spoilorando best sellers...
"Importa-se que eu seja a sua família?", perguntou ele, quebrando um longo silêncio melancólico.
Dona Graça olhou-o, surpreendida, algures entre intrigada e divertida.
"O senhor? Minha família?"
"Sim, porque não?" Encolheu os ombros. "Se ninguém a vem visitar, o que tem a senhora a perder?"
Ela baixou os olhos verdes, subitamente brilhantes pela comoção; não esperava tanta generosidade daquele estranho para com uma velha que a família parecia ter esquecido.
"Está bem", sussurrou, quase inaudível. "Pode ser". Tomás estendeu o braço à mãe e ficaram ali os dois sentados, de mãos dadas, ambos a fruir o calor terno e meigo da mão do outro, a desfrutar das carícias doces do sol da manhã, do grinfar melodioso das andorinhas, do aroma revigorante da relva, e do rumor das árvores a ondularem suavemente. Deixando-se embalar por aquele concerto da natureza, Tomás admirou a verdura com os olhos de quem sabe que tudo é fugaz, a vida é fragil, o que começa há-de acabar. As plantas e as flores farfalhavam diante de si como se o ritmo a que dançassem tivesse a marca da eternidade, quando afinal eram tão efémeras quanto a brisa que as agitava.
FIM
José Rodrigues dos Santos, O Sétimo Selo
Ah, o aconchego do lugar comum. Sem espanto, sem ganho. Assim se fabricam best sellers.
ResponderEliminar320 páginas ansiando o frémito aconchego das mãos da D. Graça.
Eliminar(deu-me uma bela ideia, vou mudar o título)
O Zé é um meloso! :P
ResponderEliminarBoa noite, Carlinhos. :)
Quase funguei!
EliminarBom dia, Maria :)