Tenho de me mover, não há outra forma, elas bem dizem que a posição é um aspecto fulcral do momento, mas explicar como se chega à coisa em remoinho é que nada. Com jeito, ainda que de tom ligeiramente irritado, digo, preciso de tirar o braço daí. Nada, o sujeito receptor da mensagem, que bem pode ser menina caloira de curso de filosofia, não reage ao pedido enrolado. O formigueiro começa a subir-me até ao ombro, as chispas chegam-me aos olhos, não controlo o diabo da boca e quase grito, foda-se!, deixa-me tirar o caralho do braço! arrependo-me instantaneamente, mas as ondas de voz já deixaram de me pertencer e ecoam no espaço circundante. Os olhos humedecem-se-lhe instantaneamente, porra!, sinto que exagerei na bruteza, sexo sensível não é o meu forte, não me agrada a mão dada, o beijinho na boca a toda a hora. Os animais não o fazem e a coisa corre-lhes bem. Acabo de processar estas palavras e já a consciência me tomba à boca, desculpa, é que me dói. Tento a reaproximação. E não sabes falar?! Precisas de me ofender?! Não tens educação?! guincha a criatura de olhos abertos. Paro, não gosto de chiadeiras, Ouve lá, mas ofendi-te em quê? Tratei-te mal? Chamei-te algum nome? silêncio. Vai à merda! Não falas assim comigo! Levantou-se, [finalmente, caralho! que dor no braço], e começou à procura das cuecas. Quando terminou de se arranjar, bateu a porta e saiu. Ou foi, saiu e bateu a porta?
Tiveste sorte. Podia ter-te mandado um murro no braço antes de sair e bater a porta!
ResponderEliminarBoa noite, Carlinhos.
:D Ficção, Maria.
EliminarBoa noite.